quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O Confronto dos Sóis - Parte Final

Os anjos lutavam muito rápido, voando em círculos sob o temporal. Era como ver um raio enfrentar uma coluna flutuante de fogo. Atacar e defender. Avançar e recuar. Uma batalha horrenda sendo travada em uma das principais vias da cidade de São Paulo. Enquanto o combate se desenrolava, o vento rugia como nunca antes foi visto. Furiosamente arrastava o que viesse pela frente: latas de lixo, bicicletas, guarda-sóis, mesas de bar, animais, pessoas. Até alguns carros estavam sendo arrastados pela ventania sobrenatural. A água caia obliquamente e com violência sobre carros estacionados, rapidamente alagando ruas, parando o trânsito. A natureza, controlada pelos poderes angélicos de Raguel, estava mergulhando a cidade em um caos bem maior do que o normal.
No ar, a luta acontecia. Miguel se esquivou de um golpe desferido de cima para baixo, que muito provavelmente o partiria ao meio se o atingisse. Já vira Raguel combatendo antes. E testemunhara o estrago produzido pela Ira Dei. Girando o corpo e farfalhando as asas brancas encharcadas, o general do Céu, ao mesmo tempo em que fugia do golpe inimigo, utilizou o impulso de seu próprio giro e desfechou uma estocada vertical com toda a sua força, com toda a potência de sua arma. Raguel se defendeu, mas o impacto o lançou para longe, projetando-o brutalmente contra o prédio mais próximo. Isso fez com que perdesse o controle do vôo por pouquíssimos segundos, mas tempo suficiente para o contra-ataque de Miguel. O arcanjo prateado ricocheteou ao bater contra o edifício e, desgovernado, sendo expelido para longe, tentava ao mesmo tempo, desfraldar as asas e erguer a espada. No meio de sua trajetória seu corpo encontrou a Flamígera em riste. A lâmina flamejante perfurou a armadura prateada e penetrou a carne angelical do estômago de Raguel, ferindo-o e cauterizando-o concomitantemente.
Com um gemido, o arcanjo viu-se traspassado pela arma do irmão e estremeceu. Um filete de sangue azulado escorreu pelo canto de sua boca. Suas asas penderam no mesmo instante, murchas. Um zumbido estridente rasgou o ar e um jato de luz vazava do ferimento mortal, enquanto sua aura enfraquecia tão rapidamente quanto a vida que se esvaía. A Ira Dei escapou de seus dedos.
- Me perdoe, irmão. – disse Miguel de modo angustiado. Em seguida, puxou de volta sua espada de fogo, retirando-a do corpo angelical agonizante à sua frente.
Raguel então, como um pássaro ferido, precipitou das alturas e atingiu o solo de modo pesado e ruidoso. A espada Ira Dei caiu um instante antes dele, produzindo um ruído metálico rascante. O arcanjo jazeu tragicamente no meio da rua encharcada, meio imerso em uma poça de água; suas belas asas, prateadas e majestosas, servindo agora como mortalha tétrica. Tossia sangue azul em seus últimos momentos. As luzes dos postes nas proximidades queimaram e se arrebentaram. A tempestade urrava ao redor do arcanjo semimorto e o vento feroz lamentava a derrota de seu senhor.
Miguel pousou junto dele. Seu olhar era infinitamente triste. Contemplou as feições do irmão assolado por espasmos de dor. Ergueu repentinamente a espada e preparou-se para assestar o último golpe, aquele que chamamos de golpe de misericórdia. Entretanto, não pode desferi-lo. Alguém extremamente poderoso havia congelado o tempo. Miguel parecia uma estátua translúcida com a espada erguida acima da cabeça gloriosa, fitando o ensaguentado oponente tombado a seus pés. Aquele que havia parado o tempo era o único que podia se mover. Todo o cenário estava paralisado: os pingos de chuva estavam imóveis, oblíquos, em pleno ar frio da noite. Árvores tinham suas copas curvadas pela ação do vento, e assim se achavam naquele momento, como que petrificadas. O raio que riscava o nebuloso céu negro lá estava, parado, como uma serpente elétrica atravessando as nuvens. Pessoas inertes, como bonecos de cera, como um bando de adultos brincando de estátua. Os relógios parados. A própria Terra imóvel em seu eixo. Aquele ente poderoso a ponto de controlar o tempo, se aproximou sem pressa do par de arcanjos imobilizados. Vinha chapinhando na água da chuva, também estagnada e isso parecia diverti-lo.
Embora sem poder se mover, Miguel conseguiu enxergar o novo personagem. Não, aquele não era o Senhor Todo Poderoso. Era alguém a quem Miguel não via há muitas eras. Alguém que abandonara o Céu inúmeros éons antes. Ele naquele momento assumira a forma de um garotinho mortal loiro e sardento, de aproximadamente dez anos. Porém, seu rosto resplandecia indescritivelmente e seus olhos se assemelhavam a duas tochas. Estava em trajes modernos: camiseta, jeans e tênis. Sua aura poderosíssima emanava de seu pseudo corpo de infante. Não tinha asas aparentemente, mas, quando a luz do relâmpago congelado no céu o atingia, projetava no chão molhado sua sombra: e ela não tinha a forma de um garotinho mortal, mas a de um ser alto, esbelto e alado. O menino se aproximou e estacou diante de Miguel, com uma expressão séria no rosto inocente.
- Izakael... - disse Miguel em pensamento, estupefato.
Como se pudesse ouvi-lo, o garoto o mirou e sorriu. Estendeu a mão macia e afagou o rosto do general do Céu. Depois, agachou-se junto de Raguel e tocou o local ferido. A regeneração foi imediata e o machucado desapareceu como se nunca tivesse existido. O sangue também desaparecera e a aura do arcanjo da justiça divina brilhava intensamente mais uma vez.
- Meu lugar é aqui, meus amados. – disse o garoto com uma voz doce, mas sobrenatural. – O de vocês é ao lado de nosso Pai, na cúpula celeste. Já brigaram o bastante por minha causa. Chega.
Dito isto, um halo desceu do céu negro, fendendo as nuvens. A luz intensa envolveu Miguel e Raguel, e eles se viram rapidamente abduzidos por ela.
- Um dia nos reencontraremos. – disse o garotinho pensativamente.
Então, ele estalou os dedos e o tempo voltou a correr naturalmente na mesma hora. Quanto ao menino, afastou-se saltando alegremente nas poças d’água, enquanto a vida fluía novamente ao seu redor, e a tempestade se dissipava tão repentina e extraordinariamente quanto começara.

No dia seguinte, em todos os veículos da mídia noticiava-se a estranha tempestade da tarde anterior e suas conseqüências. Felizmente ninguém se ferira seriamente.
Vejamos o que dizia o telejornal de uma emissora bastante conhecida:
“– Você tem agora imagens da Avenida Paulista, um dos locais mais afetados pela misteriosa tempestade de ontem – dizia a bela repórter, extremamente séria – Os meteorologistas estão em polvorosa, pois não havia sinal de tempestade prevista para ontem, muito menos dos ventos que varreram a rua a quase 100 km/h. Vamos entrevistar agora esse cidadão, o qual afirma ter uma revelação surpreendente sobre o temporal de ontem.”
Nesse ponto a câmera deu um close no rosto grave de um empresário muito bem vestido, cuja expressão denotava sua confusão mental naquele momento. Com o microfone diante da boca, o homem disse, muito pálido:
- “Ontem deixei meu carro estacionado em frente ao prédio onde trabalho. Após o temporal, percebi que tinha desaparecido. Naturalmente dei parte à polícia, julgando ter sido roubado. Hoje de manhã recebi a ligação de um bombeiro me dizendo que tinham encontrado meu carro. Neste momento há um helicóptero e uma grua trabalhando para retirar o meu automóvel do sexto andar do prédio vizinho ao que eu trabalho. O carro simplesmente estava encravado no escritório de um amigo meu, tendo entrado pela janela. Veja bem, não era um Fusca; era um Ford Fusion preto. Ainda não consigo acreditar nisso. Como ele foi parar lá?”
A resposta para esse enigma estava no próprio vídeo, embora sutilmente. Enquanto esse empresário fornecia seu fantástico depoimento, do outro lado da rua havia um bar. Na hora em que a entrevista foi gravada, o som desse bar estava ligado em um volume considerável. Saindo de um possante par de caixas de som, a voz de Cássia Eller cantava, acompanhada por um violão muito bem tocado:


-“Eu só queria te contar
Que eu fui lá fora
E vi dois sóis num dia
E a vida que ardia sem explicação 

Não tem explicação 

Explicação não tem, não tem.” 



Fim


É isso ai, galera! Espero que tenham gostado do texto. Gosto demais de temas sobrenaturais, principalmente vampiros e anjos. Então, quis compartilhar essa minha paixão com vocês, por meio deste conto.
Pelo visto, estou mesmo sem moral: ninguém deixou comentário! :(    rsrsrsrs
Obrigado pelo carinho de sempre, meu povo!

Abraços e

Até a próxima!

Danilo Alex da Silva

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O Confronto dos Sóis - Parte II

- Não permitirei.
Ao ouvir isso, Miguel irritou-se. A sua aura ardeu como fogueira alimentada com lenha seca. O semblante tornou-se altivo e crispado. Os singulares olhos azuis encheram-se de ira e assumiram a tonalidade do mar bravio. Então elevou a voz de trovão:
- Como te atreves a falar nesse tom com teu general? Além de vosso superior, sou teu irmão mais velho. Deves me respeitar, Raguel. Quer enfrentar o julgamento por insubordinação?
- Se insistir nessa idéia, ambos seremos julgados. A ordem para virdes aqui partiu do Todo Poderoso?
- Por que me pergunta isso? Não estavas tu junto de mim quando falamos com o Pai? Também vistes Seu rosto glorioso impassível, o modo como meneou a cabeça sublime e permaneceu quieto, meditativo. Ultimamente Elohim está perturbadoramente silencioso, como não fazia há muito. Lembra-te? Só O vimos assim duas vezes antes: quando Sammael se insurgiu contra Ele, e quando o Cristo experimentou na própria carne a dor e a morte.
Raguel assentiu com a cabeça, seus longos e sedosos cabelos negros se agitando na brisa trazida com o início da noite. Disse:
- Exatamente como eu dizia, tu estás agindo por si próprio. Agora mesmo admitiste que Adonai não se pronunciou a respeito. A ordem não veio do Santo dos Santos.
O tom severo e ameaçador de Miguel suavizou-se até sua fala imponente se tornar um murmúrio suplicante:
- Preciso fazer algo, Raguel. Lúcifer está vindo. O momento final se aproxima, assim como a última guerra. Tenho de achá-lo antes de nosso Adversário. Ele precisa me ajudar a enjaular Lúcifer, o arcanjo caído que foi chamado por nós de Sammael enquanto despencava do firmamento devido sua infidelidade ao Criador de todas as coisas.
- E o que adiantaria se ele decidisse auxiliar-te a prender Satã? O que ele obteria com isso, Miguel? Em sua decisão sem volta, ele não pode ser perdoado pelo Pai, e não deseja se unir a Lúcifer. A ele cabe apenas aguardar o Grande Julgamento.
- Quem pode saber, Raguel?  Yahweh é misericórdia.
- Sim, Miguel. Mas Ele também é justiça, e não admite ter Sua autoridade questionada. 
- Raguel, não seja tão inflexível. O silêncio de Deus é preocupante, pois claramente indica que estamos às vésperas de um grande acontecimento. Quando a última trombeta soar, Azrael, o arcanjo da morte, será libertado. Ele e suas legiões de anjos exterminadores acorrentados nas margens do grande Eufrates se erguerão e dizimarão um terço da população do mundo. E este será o Apocalipse descrito por João. Eis que será o início do fim.
- Se assim foi anunciado, assim terá de acontecer. Não podemos mudar o curso da História, antecipadamente traçado por nosso glorioso Pai. Precisamos confiar Nele, Miguel. Ele sabe e pode todas as coisas.
- Sabe o que pode acontecer se Sammael arrastar nosso irmão exilado para o lado negro, Raguel? Eu serei destruído. Essa será a vingança de Lúcifer contra mim, por tê-lo expulso do Reino de Luz, a santa morada do Altíssimo. Nosso irmão exilado é mais poderoso do que eu, e do que Lúcifer. Uma vez eu estando morto, acha que pode ocupar meu lugar, Raguel? Assumir todas as responsabilidades? Se eu for eliminado, a guerra estará perdida.
- Deus não permitirá que você tombe em combate, Miguel.
Subitamente Miguel ergueu a cabeça com imponência; seus olhos azuis flamejavam, transbordando determinação:
- Estou farto de explicar meus motivos, Raguel. Tu és um príncipe assim como eu, mas estás sob meu comando. Não tenho obrigação de justificar perante ti as minhas atitudes. Saia de meu caminho.
Quando o Príncipe dos arcanjos tentou passar, Raguel se posicionou à sua frente, seus dedos longos e luminosos tocando sem hesitação o cabo ornado da espada milenar, a qual trazia na cintura. Era um aviso.
- Como ousa? Se sacar a sua lâmina, não haverá mais volta, Raguel. Não desejo cruzar espada contigo. Deixa-me passar em paz. Não anseio lutar com um irmão que esteve ao meu lado em tantas batalhas importantes. Já basta todo o sangue dos anjos revoltosos que tive de derramar quando Lúcifer se voltou contra o Pai. Não vê que estamos perdendo tempo precioso? Se tu e eu lutarmos um com o outro, a vitória já começa a ser conquistada por Sammael, o arcanjo das trevas. Devemos estar unidos para vencer. E necessitamos de todo auxílio possível.
- Vamos embora, Miguel. – suplicou Raguel – Regressemos juntos para nosso Lar Celestial e peçamos orientação ao Governador do Universo.  
Miguel não disse nada. Em resposta, vibrou suas alvas, imensas asas e alçou vôo, tentando passar sobre o irmão. Percebendo sua manobra, Raguel estendeu também suas majestosas asas prateadas e adejou veloz como o raio, interceptando pelo ar a passagem de seu general. Enquanto subia, surpreso, notou que Miguel o esperava de arma em punho. Com sua velocidade antinatural, Raguel sacou também sua espada e aparou o golpe, bem a tempo de evitar que sua cabeça fosse brutalmente decepada pelo irmão. As lâminas se chocaram pesadamente no ar e fizeram chover faíscas. O som das espadas celestes se batendo ecoou como o de um trovão, o que fez com que os mortais nas proximidades se detivessem por um instante e perscrutassem o céu, à procura de nuvens escuras.
Batendo as asas para se manter no ar, os arcanjos se fitavam. Raguel abriu os braços e permaneceu um momento em forma de cruz nas alturas. Seus lábios divinais se moveram proferindo uma oração enoquiana. Em poucos segundos um vento súbito e vigoroso agitava suas madeixas negras e lisas. O céu da noite paulistana tornou-se escuro como o breu e inúmeros trovões reboaram sucessivamente. Estava invocando uma tempestade.
Miguel apenas o fitava com olhos insondáveis e aguardava. A sua espada, a lendária Flamígera, estava segura em suas mãos firmes. A lâmina fabulosa, envolta em uma chama potente e mística.  Parecia uma arma forjada de fogo puro.
Ventos fortíssimos começaram a soprar de todos os cantos e pesadas gotas de chuva despencaram das nuvens negras que instantaneamente amortalhavam o céu. Outdoors, toldos, cartazes, faixas, postes de luz, pessoas. Tudo e todos tremiam sob a força do vento impetuoso recém chegado, que percorria uivando a Avenida Paulista em toda a sua extensão. A chuva agora era torrencial. Os trovões e relâmpagos, praticamente ininterruptos. As pessoas fugiam do temporal, buscando proteção sob toldos de lona e marquises de concreto. Saiam do raio de ação dos arcanjos, exatamente como Raguel desejava. Não era sua intenção ferir os seres humanos. Então, sob o aguaceiro que o encharcava, com ambas as mãos, ele segurou firmemente a sua espada Ira Dei, ou A Ira de Deus, cuja lâmina portentosa despendia eletricidade. O poder do raio percorria e energizava a espada do arcanjo Raguel. Então, ele se moveu. Foi a vez de Miguel se defender. O metal rangeu sob o metal. O estrondo novamente assimilando-se a um trovão. 


Continua... 


Por Danilo Alex da Silva



Glossário angelical

Elohim
 Este é o primeiro nome de Deus encontrado nas Escrituras (Gênesis 1:1), e aqui o nome encontra-se em sua forma plural, mas o verbo continua no singular, indicando a pluralidade das pessoas na unidade do Ser. Denota a grandeza e o poder de Deus. Encontra-se somente no relato da criação (Gênesis 1:1-2:4); é o Seu nome de criação. Elohim é sempre traduzido no português, como Deus em nossa Bíblia. De acordo com a opinião mais ponderada entre os estudiosos, esta palavra é derivada duma raiz na língua árabe que significa "adorar"

Sammael

Segundo a etimologia, Samael significa Veneno (Sama) de Deus (El). Também é chamado de acusador, sedutor, deus-cego e destruidor. Na Cabala era um dos sete Anjos que estavam diante do Trono de Deus (Apocalipse 8) e são representações dos Poderes Divinos. Tais poderes cósmicos podem ser polarizados tanto positiva quanto negativamente dentro do ser humano. A Polaridade negativa da energia cósmica de Samael é simbolizada por um anjo caído, cuja consorte é Lilith. Samael corresponde a Sefirot Hod, significando "o mentiroso". Segundo as tradições cristãs canônicas, Samael era Lúcifer (Portador de Luz), o anjo que estava mais próximo de Deus. Ao querer usurpar o trono de Deus fazendo-se igual a Ele, reuniu um terço das milícias celestes e travou uma batalha com as hostes angélicas fiéis, sendo derrotado depois de uma dura batalha contra o arcanjo Miguel (cujo nome no original é Mikha'El e significa "Quem é como Deus?") sendo precipitado no Hades (Inferno).

Enquanto caía no Tártaro, Miguel e os anjos fiéis bradaram: Samael! Samael! Samael! Aludindo à queda daquele que desejava ser como Deus, mas havia se transformado em Satanás.

No Livro de Jó encontra-se a afirmativa de que Satanás estava a rodear a Terra (Jó 2:2).



Adonai

Este nome de Deus está no plural, denotando assim a pluralidade das pessoas na Divindade. É traduzido como Senhor em nossa Bíblia e denota uma relação de Senhor e escravo. Quando usado no possessivo, indica a posse e autoridade de Deus.

Yahweh


Este é o mais famoso dentre os nomes de Deus e é predicado dele como um Ser necessário e auto-existente. O significado é: AQUELE QUE SEMPRE FOI, SEMPRE É E SEMPRE SERÁ. Temos assim traduzido em Apocalipse 1:4: "Daquele que é, e que era, e que há de vir".
Yahweh é o nome pessoal, próprio e incomunicável de Deus. No Salmo 83:18 lemos: "Para que saibam que tu, a quem só pertence o nome Yahweh, és o Altíssimo sobre toda a terra". Os outros nomes de Deus são às vezes empregados a criaturas, mas o nome Yahweh é usado exclusivamente para o Deus vivo e verdadeiro.
Os judeus tinham uma reverência supersticiosa por este nome e não o pronunciavam quando na leitura, antes o substituíam por Adonai ou Elohim. Este é o nome de Deus no concerto com o homem. Aparece aproximadamente sete mil vezes e na maioria é traduzido como "Senhor". Como já dissemos ele inclui todos os tempos; passado, presente e futuro. O nome vem de uma raiz que significa "Ser."

Azrael

Diz-se que esse é mesmo o arcanjo da morte, servo de Deus, encarregado de levar as almas ceifadas ao Todo Poderoso.

Eufrates

Rio Eufrates (nome tradicional, em aramaico Frot/Frat, Persa antigo Ufrat, em árabe نهر الفرات, e em turco Fırat), é um dos rios que formam a Mesopotâmia juntamente com o Rio Tigre, onde hoje é o atual Iraque.
No Antigo ou Primeiro Testamento é descrito como o local de onde surgiam os inimigos. O Eufrates também é mencionado no livro de Apocalipse, como foi descrito no conto. 

Enoquiano

É um nome relacionado com ocultismo ou língua angélica, tendo sido criado por John Dee e seu assistente Edward Kelley no final do século XVI. Segundo Dee, essa língua teria sido revelada por anjos.
Aguns praticantes contemporâneos de magia, como Aleister Crowley consideram o enoquiano uma língua útil para ser usado em rituais mágicos, enquanto outros afirmam ser ela apenas mais uma língua artificial, pobre imitação de línguas antigas com semelhanças com a gramática inglesa.
As anotações de Dee não descreviam a língua como "Enochian", tendo preferido usar "Angelical", "Celestial Speech", "Language of Angels", "First Language of God-Christ", "Holy Language", ou "Adamic Language" pois, de acordo com os anjos que visitaram Dee, essa língua foi usada por Adão no paraíso para nomear as coisas. O termo "Enochian" advém da notação de Dee que o patriarca bíblico Enoque, ancestral de Noé foi o último humano antes dele (Dee e Kelley) a conhecer a língua.

Flamígera

Espada do arcanjo Miguel, cuja lâmina é feita de fogo, uma chama que se revolve continuamente. Com ela, Miguel expulsou Lúcifer e seus anjos rebeldes do Paraíso. 

Raguel

Segundo o livro apócrifo de Enoque, é o arcanjo responsável por executar a punição divina. Senhor dos trovões e tempestades. Seu nome vem do hebraico, e significa "Amigo de Deus"

Miguel

É o arcanjo mais poderoso criado por Deus. Após a Rebelião no Paraíso, ocupou o lugar de Lúcifer como braço direito do Todo Poderoso. É o general do Céu, líder das tropas celestes. Fiel a Deus, ele e suas hostes lutaram e expulsaram Lúcifer e seus seguidores. Arcanjo do arrependimento e da justiça. Seu nome vem do hebraico, e significa: "Quem é como Deus?"


Principais fontes:

Livro apócrifo de Enoque

Bíblia Sagrada, Livro de Apocalipse

A Batalha do Apocalipse - Eduardo Spohr

Internet:

Wikipédia

www.palavraprudente.com.br



Oi, meu povo! Como estão?
E ai, gostando da história? 
Se sim, você não pode perder a terceira e última parte de O Confronto dos Sóis.
Em breve, aqui no Caçador de Palavras. rsrsrs

Boa semana!

abraço

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O Confronto dos Sóis - Parte I

  
Parecia apenas um fim de tarde comum no conturbado coração da Metrópole paulista. Transeuntes apressados, centenas de carros e motos enfileirados, presos nos engarrafamentos, buzinando interminavelmente. Uma sexta feira que se esvaía em sua loucura normal diária, pessoas cansadas que, cheias de alívio, saiam de seus trabalhos e se dirigiam ao ponto de Happy Hour mais próximo, a fim de espairecer após uma semana estressante, angustiados pelo trabalho e correria semanal, e asfixiados pela poluição inevitável, própria de todo grande centro urbano, tal como São Paulo. O sol se punha, era uma bola de fogo escarlate que desaparecia atrás do horizonte longínquo. Tudo parecia comum, ordinário, corriqueiro. Um carro de som percorria as ruas apinhadas de gente e veículos, fazendo propaganda de uma loja de eletrodomésticos. No intervalo entre o anúncio das promoções, uma conhecida música nacional jorrava dos potentes alto-falantes:
“Quando o segundo sol chegar, para realinhar as órbitas dos planetas
Derrubando com assombro exemplar
O que os astrônomos diriam
Se tratar de um outro cometa...”
– cantava a voz saudosa e inconfundível de Cássia Eller, acompanhada por acordes vibrantes de violão.
A música, deflagrada em altíssimo nível de decibéis, era despejada pelas caixas de som fixadas sobre o teto do carro-propaganda, e se misturava à barulheira infernal da capital paulista. A voz de Cássia Eller ecoava com autoridade acima da poluição sonora citadina, fazendo com que os versos da música chegassem aos ouvidos cansados dos cidadãos em marcha para casa ou para o bar mais próximo.  Apesar de ouvi-la, os paulistas não prestaram atenção à letra. E deveriam, pois, mais tarde as palavras desta canção se mostrariam sombriamente proféticas.
Até aqui soubemos o que acontecia no mundo físico. Sim porque, para quem não sabe, ou não acredita, existe um outro mundo, o plano espiritual que se comunica com o nosso.
Acima dos arranha-céus de concreto maciço e da atmosfera espessa e escurecida de poluição, sem que os humanos lá embaixo pudessem ver ou sequer imaginar, subitamente as nuvens foram fendidas violentamente. O véu sutil etéreo que separa o plano físico do espiritual foi transpassado. O Céu estremeceu.
 Eis que uma figura poderosa surgiu do seio da abóbada celeste: um ser invisível para os olhos mortais, procedente do mundo espiritual, atravessando a fronteira entre os mundos e pairando com suavidade no céu físico paulista. Tinha dois metros e trinta de altura. A tez era muito clara e brilhante como as estrelas de uma noite sem lua. Os cabelos eram dourados, maciamente encaracolados. Seus cachos dourados moviam-se, obedientes, cada vez que ele voltava a cabeça imponente. Tinha olhos azuis vivazes, inumanamente brilhantes, dos quais emanava um olhar que era rígido, autoritário, mas podia rapidamente se suavizar. Seus olhos eram destituídos de íris, de modo que duas bolas de fogo azuis ocupavam toda a cavidade orbital. Um par fino de sobrancelhas douradas encimava seus olhos cor de safira. O nariz era harmonioso com o rosto de menino, os lábios róseos e finos, o queixo era firme. Seu corpo era jovem e atlético como o de um militar. O ser trajava uma túnica de linho branca e simples, e usava sandálias douradas. Sobre a túnica envergava uma fabulosa armadura dourada e rebrilhante, que lhe encobria dos ombros até a cintura, uma espécie de couraça inteiriça. Na cintura trazia uma espada esplêndida e flamejante. De suas costas surgiam dois pares de asas brancas como algodão, e majestosas como as de uma águia real, cuja envergadura alcançava os 8 metros sem muito esforço.
Sim, o ser que adentrava o espaço aéreo paulistano era um mensageiro divino. Um dos sete que estavam sempre na presença do Altíssimo. Seu nome era Miguel.
O arcanjo Miguel vinha pessoalmente à Terra naquele fim de tarde para executar uma missão a qual não permitia erros. Para que o general da milícia celestial abandonasse seu posto, a razão deveria de fato ser extremamente grave. Descia lentamente, agitando de modo elegante e cadenciado suas imensas e lindas asas. Dentro em pouco, sua figura angelical, ainda invisível aos homens, pousou no asfalto da Avenida Paulista. Sua presença era tão poderosa que as luzes dos postes piscaram insanamente, ao mesmo tempo em que uma pequena pane desligava os aparelhos celulares e eletrodomésticos numa área mínima de 15 quarteirões do local onde ele pousara. O vento passava com violência, carregando consigo folhas mortas de árvores e jornais velhos das sarjetas umedecidas pela garoa constante.
 Miguel olhou preocupadamente ao redor e começou a se mover em direção ao seu objetivo. Porém, mal dera dois passos, um poderoso raio atingiu o chão logo adiante dele, obrigando-o a se deter. Aquela descarga elétrica repentina também tinha sua essência espiritual. Os humanos continuavam a caminhar ou dirigir para seus destinos naquele começo de noite, ignorando totalmente a atividade celestial que ocorria ao seu redor, apenas estranhando um pouco o vento súbito, a falha geral nas luzes e as panes de energia.
O raio caíra diante de Miguel por uma razão. No local onde a descarga de eletricidade tocara o chão estava agora de pé uma criatura semelhante ao general do paraíso.
A figura diante dele era um pouco mais baixa, devia medir cerca de dois metros. Sua tez também era clara e fulgurante, quase translúcida. Seus cabelos eram negros como ébano, lisos, estavam soltos e desciam-lhe pelos ombros e costas em uma longa e linda cascata escura. Os olhos eram perscrutadores, severos, vivos. Pelo modo que fixavam Miguel, pareciam transmitir algum tipo de inquietude que beirava a irritação. Assim como os de Miguel, os olhos desse segundo personagem também não possuíam esclera. Todavia, não eram azuis: tinham a cor da prata pura. Duas bolas de fogo argênteo que ocupavam as órbitas. Seus impressionantes globos oculares não poderiam ser encarados por um humano devido sua luminosidade, já que olhar para os olhos dele era como tentar fitar diretamente o sol: queimava as vistas mortais. Sobrancelhas pretas e finas, rosto de infante, nariz pequeno e reto, lábios finos e quase sem cor, praticamente translúcidos como sua pele divinal. Tudo isso culminando num queixo marcante, que contrastava com seu rosto oval e belo.
Assim como Miguel, esse segundo arcanjo possuía uma silhueta jovem e saudável, como a de um mortal que fosse halterofilista. Usava uma túnica de linho azul clara, simples como a de Miguel, e seus pés eram calçados por sandálias prateadas. Sobre a túnica, envergava também uma armadura resplandecente de guerreiro celestial; mas a sua era prata, como seus olhos. Trazia na cintura uma grande e imponente espada, pela lâmina da qual pareciam percorrer ondas infindas de eletricidade. Por fim, das costas desse mensageiro do paraíso surgiam dois pares de asas magistrais e prateadas, de envergadura comparável às asas de Miguel. Ao pousar, o recém chegado as recolhera imponentemente. Sua presença era igualmente poderosa então, ao chegar, o mundo físico reagiu ao contato sobrenatural: tampas de bueiro foram pelos ares, luzes de prédios e postes piscaram, um vento impetuoso e repentino começou a varrer a Avenida Paulista. Os dois seres se olharam fixamente.
- O que fazes aqui, Raguel? Ordenei que ficasse lá e me substituísse enquanto eu estivesse fora - disse Miguel com firmeza, e sua voz era como o som de centenas de ondas batendo furiosamente nas rochas. Como centenas de vozes de uma multidão agitada.
Raguel, o arcanjo que acabara de chegar, também era um dos sete que estavam diante do Trono de Deus. Cruzando os braços, não se intimidou:
- Vim para dissuadi-lo. Não deves realizar aquilo que tenciona. – a voz de Raguel era igualmente impressionante, parecia o vento vigoroso que destelha lares e traz a tempestade; parecia o trovão que faz tremer o céu tempestuoso.
- É preciso, irmão. Não tenho feito outra coisa senão pensar em um modo de resolver a situação, mas não vejo nenhuma outra solução. É chegado o tempo de agir.
- Não há o que fazer. Ele optou por isso. Respeite a vontade dele, assim como Deus respeitou.
Miguel fitou o outro com melancolia em seus feéricos olhos azuis antes de replicar:
- Desde a Grande Guerra eu nunca pedi nada a ele, Raguel. Sempre o deixamos em paz em sua neutralidade. Contudo, o momento que atravessamos agora é crucial. Eis que o fim está perto.
Os olhos prateados de Raguel adquiriram uma expressão de estranheza e sua aura tremulou como a chama de uma vela assaltada pelo vento. O arcanjo responsável por executar a justiça divina pareceu vacilar diante das palavras inusitadas do comandante das tropas celestes.
- O que dizes, Miguel? Ninguém senão nosso Pai sabe o momento do fim.
- Verdade, irmão. Mas eu posso sentir que o Dia do Juízo vem a nós. Acredito que o tempo esteja muito próximo. Os sinais são claros, basta olhar o caos em que se encontra a humanidade. Lúcifer recebeu seu indulto temporário e se dirige nesse instante para a Terra, com o mesmo intuito que eu. Eis que a Estrela da Manhã deseja convencê-lo antes de mim.
- Lúcifer não conseguirá, assim como tu. Ninguém pode convencê-lo a nada, pois ele faz uso de seu livre arbítrio. Bem o sabes que nem mesmo Elohim interfere nessas questões. – Olhando para Miguel, Raguel agitou suas esplêndidas asas com impaciência latente e prosseguiu, como se falasse a uma criança teimosa – Entendo que esteja preocupado, meu irmão. Tu és o Príncipe dos Príncipes, General das Tropas Célicas. Muitas responsabilidades pesam sobre vossos ombros, e diversos afazeres esperam sob a sombra de vossas asas. Também sei que amas a nosso Pai e a humanidade, e temes, pois, tendo Lúcifer se aliado a ele, estaríamos todos em uma posição delicada. Mas ele não parece disposto a tomar partido. Está escondido aqui em São Paulo, habitando entre os homens como sempre fez, conforme foi lhe determinado desde o princípio. Em seu exílio espontâneo, ele aguarda resignadamente pelo Juízo, quando terá que se prostrar diante do Trono glorioso e prestar contas por seus atos, assim como os mortais. Não, Lúcifer não o demoverá de sua neutralidade. Tampouco você, Miguel.
- Talvez tenha razão, Raguel. Mas preciso tentar.



Continua...


Por Danilo Alex da Silva


Salve, meu povo! Depois de um sumiço, venho hoje presentear vocês com esse rabisco meu, gerado essa semana. Isso que dá ler Eduardo Spohr: a gente escreve esse tipo de contos hahahaha.
Quem curtir esse trecho de hoje, não pode perder a continuação da história, que postarei em breve.Se houver comentários neste post, colocarei o restante da história depois.

Tenham um fim de semana abençoado!

abraços

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Poema de Sete Faces




Quando nasci um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida.

As casas espiam os homens
Que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
Não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:
Pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.

Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.

Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.





Carlos Drummond de Andrade


Meus queridos, bom fim de semana a todos!


abraços

terça-feira, 6 de setembro de 2011

A mão assassina

Olá, galera! Decidi hoje por em prática uma coisa que vinha querendo havia algum tempo: inaugurar aqui no blog um marcador para divulgar o trabalho dos meu amigos. Para quem não sabe, conheço uma porção de artistas; pessoas com grandes talentos, que não são conhecidas nem divulgadas, algumas vezes por falta de oportunidade, outras, por timidez. Sei que O Caçador de Palavras não é o maior veículo de divulgação que essas pessoas merecem. Porém, humildemente montei esse espaço para essas pessoas queridas, a quem admiro muito, e cujo trabalho incrível gostaria de compartilhar com vocês, meus queridos e fiéis leitores. 


Só espero que meus amigos artistas não me processem nem queiram me matar por estar divulgando o trabalho deles assim, meio que na surdina. rsrsrsrs 


Vamos prestigiar hoje um curta metragem feito pelo meu amigo Cleverton. É um video trash, muito criativo:


Depois de ver o video, me respondam: o moleque é bom, ou não é?


Fez tudo sozinho, gastou três dias para produzir esse curta. Cleverton mora na mesma cidade que eu, e, se não me engano, ele concorreu a um prêmio com esse video em um festival ocorrido na cidade vizinha.


Espero que tenham gostado desse primeiro grande artista anônimo que o Caçador de Palavras tem a honra de divulgar. 


Parabéns, Clevim! Moleque doido e talentoso!


Boa semana para todos!